Após mais de três meses, a erupção vulcânica na Ilha Grande do Havai, no vulcão Kilauea, parece estar a abrandar.

De acordo com os comunicados mais recentes do Observatório Vulcanológico do Havai (HVO) do United States Geological Survey (USGS), a emissão de lava bem como a atividade da fissura 8 diminuíram muito nos últimos dias. A lava que outrora fluía como se de um rio tratasse e chegava à costa, começou a arrefecer e a formar uma crosta. Um voo de reconhecimento realizado na manhã de ontem, dia 7 de agosto, permitiu verificar que na cratera do cone vulcânico edificado na fissura 8 existe um pequeno lago de lava ativo, uma fraca pluma de gases e um canal de lava drenado. A superfície do lago está entre 5 e 10 metros abaixo do nível da cratera. Também se verificou que havia um número decrescente de pequenos vazamentos de lava ativos perto da costa nos lobos da Baía de Kapoho e Ahalanui.

No entanto, Tina Neal, uma das cientistas responsáveis pelo HVO adverte que os últimos acontecimentos não significam que o evento acabou. Avançou ainda que erupções como esta normalmente aumentam e diminuem de intensidade, podendo levar semanas ou meses até que se possa considerar que a erupção tenha terminado. Por este motivo, o HVO/USGS informa, em comunicado, que as condições de perigo permanecem na área e que, a qualquer momento, na área de fissuras ativas pode ocorrer um retorno a níveis de emissão de lava mais elevados ou novas emissões de lava.

Relativamente à atividade no topo do Kilauea, a atividade permanece calma após o evento de colapso do dia 2 de agosto. Os tiltímetros e os GPS instalados no topo do Kilauea mostram que a deformação no topo aparentemente terminou.

As alterações verificadas significam que a taxa de magma que deixava a zona do topo para alimentar a Zona do Rift Este diminuiu. Contudo, não é possível saber se se vai manter assim. O HVO/USGS previne que é possível que a lava saia novamente, resultando numa nova deflação na área do topo, levando a outro evento de colapso e a um novo incremento da erupção na Zona do Rift Este. As equipas de campo do HVO/USGS continuam a acompanhar a evolução da situação.

Durante a erupção, as escoadas lávicas pararam e começaram a partir de dezenas de fissuras, destruindo casas e tornando estradas intransitáveis. Bombas de lava choveram sobre os moradores e feriram quase duas dúzias de pessoas num barco turístico. Erupções ao nível da cratera Halemaumau, no topo do vulcão Kilauea, forçaram o encerramento de grande parte do Parque Nacional dos Vulcões do Havai que, juntamente com o receio da erupção por parte dos turistas, provocaram ondas na economia da Ilha Grande que é maioritariamente dependente do turismo.

Com uma possível pausa da erupção vulcânica, as autoridades estaduais e os habitantes preparam-se agora para os efeitos do furacão Hector, que deverá passar ao sul da Ilha Grande hoje. A tempestade enfraqueceu, mas ainda está prevista a possibilidade de grandes ondas, ventos fortes e chuva.

Aspeto da escoada lávica emitida pela fissura 8 que era canalizada ate à costa (Foto: HVO/USGS)