Os países do sul de África foram atingidos pelo que é possivelmente o ciclone mais mortal já registado na área. O ciclone Idai causou pelo menos 150 mortos e afetou mais de 1,5 milhão de pessoas. O ciclone atingiu Moçambique em primeiro lugar na noite de quinta-feira, com a cidade da Beira e as suas aldeias circundantes a serem as áreas mais afetadas. A Cruz Vermelha afirma que mais de 90% daquela cidade ficou destruída. O ciclone progrediu depois para oeste em direção ao Zimbabwe e a Malawi, afetando mais alguns milhares de pessoas, em particular nas zonas orientais da fronteira com Moçambique. As autoridades dos três países alertam para o agravamento das cheias nos próximos dias devido à continuação de chuvas torrenciais, à saturação dos solos e às descargas de barragens.
Em Moçambique, pelo menos 66 pessoas morreram devido ao ciclone, e espera-se que o número aumente nos próximos dias. O diretor nacional da organização humanitária internacional CARE em Moçambique, Marc Nosbach, informou que as estradas de acesso às áreas atingidas pelo ciclone foram completamente bloqueadas por árvores caídas e entulho. Avança que existem danos significativos em casas e edifícios, incluindo instalações de saúde e escolas, e que a energia elétrica está cortada desde quinta-feira, e que as comunicações por telefone e internet estão em baixo.
Após ter sobrevoado a zona afetada pelo ciclone, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, referiu que os danos provocados são muito preocupantes, e realça a gravidade da situação, salientando que continua muita população em cima das árvores e das casas. O presidente admite mesmo que pode haver mil mortos e mais de cem mil pessoas em risco de vida.
No Zimbabwe, a tempestade causou ventos fortes e precipitação torrencial na parte oriental do país, fazendo com que os rios transbordassem. Até ao momento, há a registar pelo menos 31 mortos e mais de 100 pessoas ainda estão desaparecidas. Jan Schollaert, diretor da CARE no Zimbabwe informou que houve cheias rápidas, movimentos de vertente e destruição de meios de subsistência e propriedades.
Em Malawi, pelo menos 56 pessoas morreram na sequência de cheias rápidas que precederam o ciclone. O diretor da CARE no país explicou que as inundações causaram destruição significativa na semana passada, e que com a chuvas do ciclone as áreas já inundadas podem enfrentar ainda mais destruição e perdas.
As operações de busca e resgate estão a ser dificultadas devido à destruição das vias de acesso e falta de redes de comunicações. No entanto, a ajuda humanitária já chegou a alguns dos locais afetados. Um avião com ajuda alimentar da ONU desembarcou no domingo na cidade da Beira, centro de Moçambique, para o apoio às vítimas do ciclone Idai, com 22 toneladas de biscoitos nutritivos que darão para 22 mil pessoas durante os próximos três dias.
A CARE estima que sejam necessários pelo menos US $ 16.920.000 para fornecer o apoio necessário às comunidades afetadas.