Erupção do Vulcão do Fogo já libertou mais de 220 mil toneladas de SO2 para a atmosfera
De acordo com as últimas informações, hoje de manhã, dia 24 de Dezembro, a frente lávica que avança pelo povoado de Ilhéu de Losna progredia lentamente a uma velocidade de cerca de 2 m/h, e por volta das 11:30 encostou-se à última casa que se encontrava intacta, a Casa Matilde. A investigadora da Universidade de Cabo Verde Nadir Cardoso informou que durante a permanência em Chã das Caldeiras era visível que ocorria grande libertação de gases ao nível do foco eruptivo que se direcionavam para norte, atingindo 800-900 metros de altura.
Durante o primeiro mês de actividade, a erupção do Vulcão do Fogo, iniciada no passado dia 23 de Novembro, libertou mais de 220 mil toneladas de dióxido de enxofre (SO2) para a atmosfera, resultados estes divulgados pelo Observatório Vulcanológico da Universidade de Cabo Verde (OVCV/UNi-CV). Esta quantidade de gás permite, por sua vez, estimar uma quantidade de magma expelido para a superfície da ordem dos 35 a 40 milhões de m3.
O conhecimento e acompanhamento diário das emissões de SO2 relacionadas com uma erupção em curso reflecte o conteúdo de voláteis/gases expelidos pelo magma. Já as variações na emissão de SO2 estão intimamente relacionadas com os aumentos ou diminuições na taxa de emissão do sistema magmático. Portanto, é uma ferramenta útil para monitorizar e detectar alterações na actividade vulcânica.
Para avaliar e quantificar essas emissões estão a ser utilizados sensores remotos do tipo miniDOAS na posição móvel terrestre (veículo montado) que realizam diariamente vários trajectos na ordem dos 15-20 km.
Além de se determinar a concentração linear (ppm.m) de SO2, que está a ser registado com o sensor óptico remoto, é necessário conhecer a velocidade e direcção do vento entre os 3000 e 5000 metros de altitude, dados estes fornecidos pelo NOAA GFS (National Oceanic and Atmospheric Administration – Global Forecast System).
O investigador do CVARG/CIVISA, Jeremias Cabral, natural de Cabo Verde, encontra-se na ilha do Fogo para acompanhar a erupção, integrando a equipa da Protecção Civil. O CVARG/CIVISA encontra-se a acompanhar o desenvolvimento da actividade eruptiva.