A existência de uma estreita associação espacial entre emanações gasosas caracterizadas por apresentar anomalias em determinados componentes e a presença de falhas activas, sugere que estas estruturas constituam os percursos de menor resistência na crosta para a ascensão dos gases terrestres em direcção à atmosfera. Tal facto constitui a base da aplicação do estudo dos gases ao domínio da cartografia de falhas activas, permitindo traçar zonas preferenciais de desgaseificação que, no caso das regiões vulcânicas, podem corresponder à projecção superficial de sistemas magmáticos.
A cartografia geoquímica das emanações de 222Rn na ilha Graciosa envolveu uma rede de amostragem com aproximadamente 500 detectores com filme sensível às partículas-a, enterrados no solo a cerca de 30 cm de profundidade. Após um período de exposição da ordem dos três meses revelaram-se as películas numa solução de NaOH e contabilizaram-se as marcas provocadas pelo impacto das partículas-a ao microscópio. Os resultados obtidos mostram que a plataforma NW e o maciço centro-meridional encerram a mais importante anomalia geoquímica em termos da libertação de 222Rn através dos solos, evidenciando um padrão geral concordante com as direcções estruturais NW-SE e E-W identificadas na ilha.
Na zona do Vulcão Central o foco de maior importância situa-se no interior da caverna lávica da Furna do Enxofre, estrutura que se admite corresponder ao segmento superior da conduta do aparelho vulcânico. A elevada taxa de desgaseificação aqui observada no que respeita ao CO2 concorda com a possibilidade deste corresponder ao principal agente de transporte do Rn até à superfície.