Descoberta de super-erupções pode indicar que o hotspot de Yellowstone está a diminuir de intensidade
De acordo com um estudo recentemente publicado na revista Geology, o hotspot (ponto quente) que hoje abastece os famosos geisers e fumarolas no Parque Nacional de Yellowstone pode estar a diminuir de intensidade.
Os investigadores utilizaram uma combinação de técnicas (e.g. de química, dados magnéticos e datações radio-isotópicas) para correlacionar depósitos vulcânicos dispersos por dezenas de milhares de quilómetros quadrados. Os resultados indicam que depósitos anteriormente considerados como resultantes de múltiplas erupções menores são, de facto, o resultado de duas super-erupções desconhecidas e cataclísmicas da província vulcânica, que ocorreram há cerca de 9,0 e 8,7 milhões de anos atrás.
De acordo com Thomas Knott, vulcanólogo da Universidade de Leicester e principal autor do estudo, o mais novo dos dois eventos, a super-erupção de Grey's Landing, é agora o maior evento registado em toda a província vulcânica de Snake-River-Yellowstone. Acrescenta mesmo que é uma das cinco maiores erupções de todos os tempos.
A equipa, que também inclui investigadores do British Geological Survey e da Universidade da Califórnia, Santa Cruz, estima que a super-erupção de Grey's Landing seja 30% maior que o evento assim considerado anteriormente, o conhecido Huckleberry Ridge Tuff, e que tenha efeitos locais e globais devastadores. Segundo Knott, a erupção de Grey's Landing cobriu uma área do tamanho de Nova Jersey com vidro vulcânico escaldante que esterilizou instantaneamente a superfície da terra, e as cinzas finas, uma vez na estratosfera, caíram sobre os Estados Unidos e gradualmente abrangeram o globo.
Ambas as super-erupções recém-descobertas ocorreram durante o Miocénico, o intervalo de tempo geológico que abrange 23-5,3 milhões de anos atrás. As duas novas erupções descobertas elevam o número total de super-erupções registadas durante o Miocénico na província vulcânica de Yellowstone-Snake River para seis. Isso significa que a taxa de recorrência das super-erupções do ponto quente de Yellowstone durante o Miocénico foi de, em média, uma vez a cada 500.000 anos.
Em comparação, Knott informa que, nos últimos três milhões de anos, há registo da ocorrência de duas super-erupções no que é hoje o Parque Nacional de Yellowstone. O investigador deduz que o hotspot de Yellowstone sofreu uma redução de três vezes na sua capacidade de produzir super-erupções.
No entanto, Knott acrescenta que estas descobertas têm pouca influência na avaliação do risco de ocorrência de outra super-erupção em Yellowstone e enfatiza que a monitorização contínua na região, conduzida pelo United States Geological Survey, é obrigatória.
Este estudo, que se baseia em décadas de contribuições de muitos outros investigadores, surgiu de um projeto maior que investiga a produtividade das principais províncias vulcânicas continentais. Knott espera que este estudo possibilite a descoberta de mais novos registos de super-erupções em todo o mundo.