Mount Agung - embora permaneça a ameaça de erupção vulcânica, milhares de habitantes retornam às suas habitações
Há cerca de 33 dias que o vulcão Monte Agung, localizado no leste da ilha de Bali (Indonésia), se encontra no nível de alerta vulcânico máximo, tendo obrigado à evacuação de milhares de habitantes das aldeias situadas a menos de 12 km do edifício vulcânico para campos de evacuados. No entanto, por não ter entrado ainda em erupção, cerca de 4000 dos 185000 evacuados estão a retornar às suas habitações para cuidar das culturas e preparar os templos para um festival religioso que se vai realizar na próxima semana, desafiando assim as autoridades. Esse festival, denominado de Galungan, é uma das mais importantes festas religiosas para os hindus balineses, simbolizando a vitória do bem sobre o mal, e deve começar na próxima semana, no dia 1 de novembro.
O nível de alerta máximo foi emitido no dia 22 de setembro, significando que uma erupção pode estar iminente. A última vez que Monte Agung entrou em erupção foi em 1963, emitindo uma coluna eruptiva com 10 km de altura com a formação de escoadas piroclásticas que causaram a morte a 1100 pessoas.
Pak Ade Andreawan, diretor executivo da Fundação IDEP, uma agência de distribuição de baldes, sabão, arroz e outros suprimentos para os campos de evacuação, disse que muitos evacuados nos campos estavam cada vez mais ansiosos. Adiantou ainda que uma equipa de educação do IDEP instalou vários sinais a alertar sobre os perigos a que as zonas evacuadas estavam sujeitas, e que a polícia e o exército tentam manter as pessoas afastadas dessas áreas.
Segundo Rebecca Carey, uma vulcanóloga da Universidade da Tasmânia, é precisamente nos países em desenvolvimento que se verifica um maior esforço para manter as pessoas fora das áreas vulcânicas evacuadas que, por sua vez, tendem a ser boas para a agricultura. No final de setembro, quando a evacuação começou, Carey tinha alertado que o vulcão poderia neste estado por tempo indeterminado. Adiantou ainda que os evacuados estão em abrigos de emergência que, provavelmente, não estão equipados nem têm recursos para manter as pessoas confortáveis por semanas ou meses, levando a que haja desconfianças entre o público e as autoridades quando o vulcão não entra em erupção. Avança ainda que é em momentos como este, que querem que o vulcão entre em erupção o mais rapidamente possível. Outra situação é que, no início de outubro, o porta-voz da Agência de Mitigação de Desastres em Bali disse que cerca de 10000 dos 150000 evacuados estavam doentes, alguns com "hipertensão", devido a fadiga e stress. Carey afirma que uma segunda evacuação seria uma grande confusão.
O governo indonésio afirma que é seguro visitar Bali, fora da área imediata do vulcão Monte Agung e, na última semana, começou a organizar "viagens de reconhecimento", convidando nove jornalistas da China para visitar a ilha. Apesar dessas garantias, aqueles que trabalham nos campos de evacuação estão preocupados com a falta de preparação caso o vulcão entre em erupção.
Embora a atividade sísmica tenha diminuído nas últimas semanas, os vulcanólogos estimam que 18,5 milhões de metros cúbicos de magma extra permanecem no interior da montanha. No último mês, a montanha sofreu um empolamento (elevação vertical) de 6 cm.